Este
título é uma paráfrase da metáfora utilizada pelo autor Reinaldo José Lopes no
livro “Os 11 maiores mistérios do universo”, que acabo de ler.
Se,
no universo, essas pecinhas não somente se encaixam perfeitamente como se
movimentam numa sincronicidade perfeita formando o universo, na nossa vida de
simples humanos, elas não se encaixam sempre tão bem assim, e nem sempre quando
precisamos ou queremos.
Mas, nas
nossas insignificantes e finitas vidas, algumas peças se encaixam com perfeição,
felizmente. E há, para alguns sortudos, encaixes felizes que duram uma vida
inteira; duram, às vezes, mais vidas, para os que, como eu, acreditam.
Há
pecinhas, no entanto, que nunca se ajeitam, por mais que tentemos. Viramos de
um lado, de outro, invertemos a posição e até forçamos o encaixe com sensação
idêntica à que sentimos quando tentamos montar cubos mágicos: nunca funciona a
tentativa, elas não encaixam.
Com
essas, nossas relações são sempre atribuladas, imperfeitas, fadadas ao
insucesso. Por isso, com muita frequência, desistimos delas e seguimos.
Mas
há relações de encaixe que pareciam perfeitas, traziam conforto, segurança,
paz, aceitação, amorosidade... tantos sentimentos bons, mas que, sem que
saibamos como ou por que se desfazem, se desconectam, se desencaixam.
São esses
desencaixes, essas perdas que lamentamos. Creio que quando vivenciamos perdas de
algo que o dinheiro pode comprar, não há o que lamentar, mas quando perdemos
aquilo que dinheiro algum pode comprar, é sempre o caso de se sentar no chão e
chorar. Quem nunca se sentou no chão e chorou?
Há
pecinhas cujo desencaixe merece muitas lágrimas, tal como escreveu o poeta
hiperbólico Olavo Bilac: “Rios te correrão dos olhos, se chorares!”
Mas
alguns dentre esses talvez nem fossem tão perfeitos assim. A gente idealiza
relações, vê aquilo que quer ver e aí, o tempo, implacável, nos mostra esses encaixes
nua e cruamente.
Por
que estou pensando nisso?
É
fim de ano, o Natal está chegando. Tempo de repensar a vida, de renascer de
algum modo, de retomar caminhos, construir outros novos.
É
tempo de planejar um novo presente no desejo de construir um novo passado.
Talvez
por isso, eu tenha lido o livro o tempo todo pensando nas peças de Lego. Fui
pensando no Lego que venho montando há 52 anos.
Tenho
lidado bem com aqueles desencaixes cujo insucesso eu já suspeitava de início.
Na vida, a gente perde!!!! É preciso deixar ir. Algumas relações simplesmente
não dão certo e está tudo bem.
Que
bom que outras dão. Muitas.
Sou tão grata por encaixes que me iluminam a
vida, me dão esperanças infindas, me dão forças para prosseguir.
Encaixes
que me fazem sentir grande, importante, preciosa. Gente!
Mas
lamento tanto quando encaixes que eu julgava tão perfeitos se desfazem sem
explicações plausíveis, me deixando atônita e deixando também vazios que
pecinha alguma ocupa. Não tem jeito: não encaixa.
Mas,
é dezembro! É Natal!
Não
me custa sonhar que essas pecinhas desencaixadas tão importantes na minha vida,
magicamente, voltem a compor o meu grande Lego. Nem que seja numa outra vida...
E eu
vivencie, outra vez, a sensação de completude, de inteireza, como aquela vivida
pelos que acabam de montar o cubo mágico.
Viva!
Touché!
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