Eu adoro cantar.
Não sei. Mas adoro.
Quando digo não sei, é que não sei mesmo!
Só para se ter uma ideia da intensidade desse "não sei", conto uma cena que se repete aqui em casa.
Eu, na faxina, lavando um banheiro ou pondo uma roupa no varal, cantando. E alguém da casa, em algum momento, vem e pergunta, exclama ou comenta:
__ Mãe, porque você tá chorando? ou
__ Neusa, o que aconteceu? Porque esse choro?
__ Conversa comigo. Fala que eu te escuto!
E tudo termina em farra e risos.
E eu, claro, voltando a cantar. Um melhor: achando que estou voltando a cantar.
Poderíamos julgar que um pouco disso é má vontade. Mas assumo a parte da incompetência.
Já tentei aprender.
Entrei no coral da Unir. No dia em que fui chamada para classificar minha voz, ela, a voz, sumiu.
Foi um vexame.
Mas, mesmo assim, ainda continuei por algum tempo.
Só que a vida, as aulas, os estudos, a casa, os filhos pequenos... tudo me afastou do coral.
Agora vou tentar de novo.
Vi uma foto de um coral nas redes sociais. Entrei em contato. Aceitam pessoas da comunidade. Primeiro encontro. Fui muito bem recebida. Pena que era o último do semestre. Início do recesso. Retorno no final de julho.
Mas já senti o gostinho. A pasta de músicas é um oásis. Só músicas bonitas. Perguntei se terei que passar pelo processo de classificação da voz. Simmmm! Ai, meu Deus!
Aquecimento vocal. A primeira canção -ABC do sertão, de Luiz Gonzaga. O maestro se aproxima para ouvir melhor minha voz.
E eu explicito minha angústia:
__Será que ela tem classificação?
Ele sorri. É, com certeza, alguém que, como diz a música, tem " fé na vida, fé no homem, fé no que virá..."
O que sei é que estou muito feliz.
Ainda nem cantei decentemente.
Ainda nem classifiquei minha voz.
Para falar a verdade, ainda nem acredito que ela tenha ou mereça alguma classificação, mas já estou vibrando com a possibilidade de vir a cantar.
Se acontecer, claro, vou contar aqui neste blog. Com certeza, minha cantoria merecerá um texto. Se der agosto, entrar setembro e o assunto não voltar... Aí será o caso de imaginar que continuo lavando o banheiro e ouvindo dos meus amados:
__ Mãe, porque você tá chorando?
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