terça-feira, 26 de junho de 2018

Olha o meu dente!

     Quem leu o livro Parceiros de jornada vai se lembrar de um texto chamado A minha primeira vez, em que eu contei sobre a primeira vez em que eu escovei os dentes. Foi um texto muito lido porque o título sugeria que eu fosse contar outras histórias. Ah! Os leitores e seus conhecimentos prévios e suas hipóteses!
     Pois é.  Continuei firme, ao longo da vida, buscando minimizar os efeitos daquelas privações da infância.
     Agora é o projeto "Velhinha com as pelancas arrastando pelo chão,  mas com sorriso de anúncio de creme dental": um ano e meio de aparelho ortodôntico, retirada dos sisos (já pensou só perder o juízo após os cinquenta anos?), e estou prestes a ir fazer a retirada dos pontos do primeiro implante: reposição de um dente perdido há mais de quarenta anos. É a vida que se renova, que se refaz e nos dá novas oportunidades. Passei uma vida cuidando das pessoas que eu amo. E já estava passando do tempo de cuidar de mim.
     Uns ficam felizes ganhando a Mega Sena acumulada, encontrando um grande amor etc. Eu estou tão feliz com meu dente novo que a vontade é ir escancarando a boca para o primeiro que eu encontrar e falar: Olha o meu dente!
     É claro! Sei o ridículo da situação e me contenho. Mas se você me encontrar e eu não me contiver e repetir essa cena bizarra,  peço - lhe um pouco de compaixão. Só quem passou por essas situações sabe o sentido e o significado que as mesmas adquirem.
     O implante dentário é um tratamento dispendioso,  infelizmente inacessível para muitos brasileiros. O medo é ter que deixar um rim no consultório  (ou os dois e o fígado!)        Poderíamos iniciar outra série:  "Dos procedimentos que os planos de saúde não cobrem" ou " Mais uma tragédia brasileira ".
     O fato é que ainda me falta fazer mais um implante e, depois, vou buscar dar uma harmonizada estética na minha dentição. Nada comparado ao branco artificial - que nos ofusca o olhar - que temos visto nos artistas : para fixar os olhos em algumas daquelas bocas, às vezes, fico com a impressão de que vamos precisar de óculos de sol com proteção máxima.
     Não.       
     Nada disso.    
     Apenas dar um equilíbrio na cor e nos tamanhos, pois, com várias próteses, às vezes feitas por diferentes profissionais,  a visão geral ficou "o samba do crioulo doido". Será algo bem próximo da realidade.
     E depois rezar. Tenho pedido aí mais uns 20 anos de vida ao todo poderoso.  Pra compensar tanto investimento! Será que consigo?

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