Todos
os seres humanos são seres únicos. E, por isso, especiais.
Há
algo de singular, de idiossincrático em cada um de nós.
Nossa
dificuldade é perceber, é reconhecer este quê que nos torna diferentes de
todos, na igualdade, principalmente porque tentamos, mesmo dizendo que não, nos
igualar, nos identificar, pertencer a uma tribo, ser parte de um grupo e
sabemos que um pensamento, uma roupa, um cabelo e/ou um gesto destoante podem
nos excluir.
Mas
há pessoas mais especiais, mais únicas.
Por
alguma razão, elas se destacam no seu jeito de estar no mundo, de conviverem e
de serem. E não falo de atitudes revolucionárias, de ações que modificam ou
modificariam os rumos da humanidade, nada grandioso assim.
Falo
de um jeito de ser que passaria despercebido no cotidiano, se nós não
olhássemos com mais atenção e com amorosidade para essas pessoas; se nós não a
olhássemos com olhos de ver. É um tom
de voz, um gesto, uma doçura, uma reação, um olhar ou mesmo um silenciamento o que
as diferenciam. Uma certa superioridade que não se sabe superior, que nem quer
ser assim.
São
pessoas que nos marcam. Que, mesmo sem uma convivência diária, apreendem a
nossa atenção e despertam o nosso carinho. E nós não nos esquecemos delas.
Na
verdade, penso que, no meu caso, nutro um certo desejo de que eu pudesse ser ou
ter sido como elas são. Sou tão permeável, tão sujeita aos ventos e às
tormentas que me afetam e que me marcam ad
eternum.
Às
vezes, lamento tanto o fato de eu ser como os elefantes: não esquecer nunca. Há
vantagens em ser assim, eu as reconheço: sou uma pessoa grata, sou incapaz de
esquecer o bem que me fizeram e que me fazem, mas, para o mal, sou igualzinha,
o que é péssimo, pois sou condenada a ser uma pessoa magoada. Sempre haverá
alguém a nos ferir.
Assim,
reconhecendo minha imperfeição, rendo-me e rendo graças a estes seres.
Ao
longo da minha vida, tive o privilégio de conhecer, de conviver e de ser muito
ajudada por esses seres ímpares. Pessoas muito especiais cruzaram o meu caminho
e sou grata a Deus por isso. Já tive oportunidade de escrever sobre algumas
delas e ainda vou escrever sobre tantas outras.
Dentre
elas, há uma menina cuja doçura me encanta. Uma doçura que nem o tempo nem as
dores causadas pelas perdas ao longo da vida foram capazes de erradicar. Ela é
doce.
Sempre
que penso nela, sinto uma paz profunda, uma amorosidade de mãe, uma admiração
por ela ser do jeitinho que ela é. Única.
A
primeira vez que a vi, ela estava na varanda da cozinha da sua casa, com um giz
e uma lousa, mostrando, muito feliz, as primeiras letras que conseguia escrever
e entender. Estava sendo alfabetizada.
Depois,
com o passar do tempo, pude reencontrá-la, em diversas ocasiões, não tantas
quanto as que eu gostaria.
E
era sempre a mesma sensação. A fase da vida em que ela estava não a modificava.
Mesmo vivenciando algumas agruras que adoeceria, que feriria e que endureceria
a maioria de nós, simples mortais, ela sobreviveu impávida, altiva. E
permaneceu doce, capaz de amar e de agregar novos amores à sua vida.
Por
isso, meu respeito, meu reconhecimento e meu carinho a você, Francine, minha sobrinha, que amo como
filha. Que Deus a abençoe sempre e que você siga, pela vida a fora, sendo do jeitinho que você é.
Que lindo, parabéns minha amada
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