Minha irmã é dessas pessoas "que não existem". Me contou outro dia que foi mostrar um apartamento para um rapaz e uma senhorinha interessados em alugá-lo. Em Natal. Na praia de Ponta Negra. Com vista para o morro do Careca. Um luxo! E me disse: Até agora estou perplexa. Um filho querendo deixar a mãe velhinha num apartamento alugado para vender a casa dela. Uma casa linda em Capim Macio (bairro nobre de Natal) para dividir entre os irmãos. Ela tem uma cristaleira que, com certeza, não caberia no apartamento.
E continuou a história:Na oportunidade que tive perguntei: A senhora quer vender sua casa? Ela encheu os olhos de lágrimas. Disse a ela: Não venda! Aqui não cabe sua cristaleira.
Que triste!
Conversamos mais um pouco sobre o envelhecer, sobre a relação entre pais e filhos.
Fiquei pensando no valor que os idosos têm (Ou melhor, não têm) no nosso país. E na cristaleira, esse móvel tão antigo e tão simbólico nas casas brasileiras.
Passados alguns dias, minha irmã me conta:
Neusa. Veja, a senhorinha sobre a qual te falei disse que falou com os filhos e não vai sair da casa.
Ah! Essa minha irmã transgressora! E empática! Sempre!
Um alento para tempos tão áridos.
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