Ah! Os reencontros. É a outra história que prometi. A melhor parte. O processo todo começa na intenção da pessoa em vir. A cabeça fica matutando. Mas só se efetiva na compra da passagem. Definidos dia e hora, inicio a arrumação: limpo o quarto, retiro a proteção do colchão, forro a cama com lençol e fronha limpinhos, ponho um edredon ou uma mantinha como pezeira e algumas almofadas sobre a cama.
E não adianta me alertarem: Mas é só daqui a um mês! Mas ainda faltam quarenta e cinco dias! Não tenho competência para processar argumentos tão racionais. Meu coração só sabe das chegadas.Tudo bem. Lá no fundo, sei que terei que trocar o lençol quando o dia estiver mais próximo, tirar o pó, atualizar a faxina.
Mas essa antecedência na arrumação é o meu modo de dizer ao universo: Olha, esse voo tem que chegar certinho. Vocês não podem cancelar, nem pensar em arremeter, nada de turbulências. Esse Uber não pode pegar engarrafamentos, não pode haver nenhuma via interditada, nada. A pessoa que vem também não pode se atrasar. Sempre aconselho a ir mais cedo pro aeroporto. Se puder dormir lá na noite anterior, melhor ainda.
Na semana da chegada, os preparativos culinários. É tempo de comprar dourado, tucupi e jambu. Açaí, farinha de mandioca e de tapioca. Coentro, cominho, chicória e pimenta de cheiro. Cebola. Tomates e pimentões.
Se chegar à noitinha, canja. Deixo tudo cortadinho e preparo um pouco antes de ir pro aeroporto. Pra comer ainda quentinha.
Se chegar ainda a tempo para o almoço, não há dúvidas: dourado no tucupi com jambu.
Ah! Sempre vou mais cedo pro aeroporto. Como não tenho dirigido mais, já aviso: Se não me levarem, vou de Uber.
De uns tempos pra cá, aposentada, com mais tempo livre, quando parentes ou amigos estão vindo a Porto Velho pela primeira vez, me permito uma delicadeza: compro toalhas de banho, lavo no amaciante, levo para bordar os seus nomes. Quando se forem, levarão as toalhas como lembranças da viagem. Também já encomendei faixas de boas vindas. É um mico, eu sei. Hoje, os meus não me deixam mais fazer isso. A rua toda fica sabendo das visitas.
Depois... Depois é festa. Até o dia em que se começa a falar na viagem de volta.
Aí... Aí é a despedida. Outra vez.
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